quarta-feira, 16 de julho de 2008

- Brasil é o país do drible.


Agradeço a Deus todos os dias por nós brasileiros, apesar de todos os nossos problemas (e olha que não são poucos), ainda conseguirmos ser um povo alegre. E é sempre com uma boa dose de humor que nós acabamos contornando todos os nossos problemas. Mais do que o país do futebol, somos o país do drible. E sobrevivemos assim: driblando nossos problemas com criatividade.

Por exemplo, o brasileiro criou uma economia alternativa muito interessante. Vamos aos sinais de trânsito da cidade. Eu fico realmente impressionada quando vejo os carros parando num sinal e, como numa coreografia rigorosamente ensaiada, vão surgindo homens com saquinhos de bala na mão, impecavelmente arrumados, com um papelzinho dentro, explicando essa situação: "Estou desempregado, por favor leve esse saquinho por apenas R$ 1. Obrigado". À medida que os carros vão parando, cada cidadão desses, com seus saquinhos de bala, sai correndo. Mas peraí, não é de forma desordenada não, tipo bota um aqui, bota outro lá. Não. Cada um vai na sua raia, como numa organizada competição de natação. Eles vão colocando os saquinhos em cima dos retrovisores, até uma certa altura. Aí eles param e voltam. É tudo matematicamente cronometrado. Porque tem que dar tempo, antes do sinal abrir, de eles recolherem tudo, receber o que têm que receber e, de repente, até dar um troco. E isso tudo em total sincronia com o sinal. Tanto é que assim eles recolhem o último saquinho e pisam na calçada o sinal abre. É impressionante. É um show. Dá vontade de aplaudir! E eles estão lá: chova, faça sol, não se atrasam. São empregados exemplares. Mesmo porque, se eles não fizerem por eles, ninguém fará.

Não é a ideal, mas essa pelo menos é uma forma delicada de se pedir ajuda. E tem certas coisas dessa tal "economia informal" que acabam tendo outras funções sociais. Assim como quando vai chover a gente sabe porque troveja, como podemos saber se o trânsito vai ficar muito tempo engarrafado? Quando surge "o homem do isopor". E quem é ele? É aquele que assim que o trânsito vai parando, ele surge, sei lá de onde, acho às vezes que pode ser até do asfalto, e com seu saco cheio de biscoito de polvilho, pipoquinhas e um isopor com várias opções de bebidas, faz a alegria da galera que está ali parada. Você já sabe que vai ficar muito tempo parado, tanto é que ele surgiu, para passear tranquilamente entre os carros vendendo seus produtos. E geralmente essas horas de engarrafamento são horas cruciais, quando seu estômago está comendo seu rim de fome... é a sopa no mel.

Citei esses, mas ainda tem os meninos das bolinhas, os que dançam street dance. Já tem agora até engolidor de fogo e de espada! E as técnicas vão se aprimorando. Em alguns sinais, meninos já sobem em cima de outros, fazendo uma pirâmide humana pra depois fazerem seu show de malabarismo. Não vai custar para trapezistas estarem voando sobre nossas cabeças e aí isso aqui finalmente se transformará num grande circo. Se bem que um grande circo o Brasil já é, mesmo porque o que não falta aqui é palhaçada.


Forte Abraço :*)


Tamyris Soares.

2 comentários:

Anônimo disse...

tah de parabens pelo texto. vc podia ser jornalista. todo dia passo aqui e estou adorando ler essas postagens. quase um jornal cultural...rsrsrsrs
Bjss, linda

Marcia Weber disse...

Oi Tamyris
Obrigada pela visita.
Muito legal o texto sobre a desenvoltura da nossa gente.
E viva a criatividade!
Bjs